quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Na manhã seguinte...


Este trecho é uma edição do capítulo seguinte ao já postado e que pode ser lido AQUI.


– Vira de costas! – Mas ela não precisava nem pedir.
Ele sempre se sentava na cozinha de costas para o corredor do banheiro e dos quartos, e nunca se virava, mesmo assim ela se habituara a gritar a mesma frase todos os dias antes de sair do banheiro. Ele sabia que ela não sairia nua, mas de calcinha, e uma camiseta cavada cinza, e ainda com uma toalha enrolada nos cabelos.
Era linda, morena, um pouco mais baixa que os dois colegas de casa, sempre animada. Era mais uma que seria irreconhecível depois das transformações que sofreu durante a graduação, quando foi morar ali. Apareceu tímida. A prima recomendou os amigos.
Quando terminou de se vestir, ainda o encontrou sentado à mesa. Só os dois dormiram na casa, G. saiu ainda de madrugada, mesmo no feriado teve que trabalhar, a única coisa que ainda o prendia a esse emprego era o salário, mas ele agradecia por ter conseguido coisa melhor e deixado esse emprego de turnos malucos.
Ele estava distraído e não percebeu a colega vindo pelo corredor. Ela o abraçou por trás e deu um beijo na sua bochecha. Depois, deu a volta na mesa e começou a se servir do café também.
– A conversa rendeu ontem? – Ela estava a par dos planos do casal para ajudar a cunhada dele. Simpatizara muito com ela.
– Uma tremenda dor de cabeça – ele sorriu, mas estava com o rosto todo torto, como se tivesse acabado de se levantar. Ela sabia que ele estava ali na cozinha há horas. – E minhas costas estão doendo como nunca, fiquei me remexendo na cama a noite toda sem conseguir dormir. Eu estava acordado quando o G. saiu.
– Depois te faço uma massagem.
Ele deu risada. Adorava as massagens, mas se a namorada soubesse dessas sessões, estaria com problemas.
– Viu, lindo, precisava te pedir uma coisa. Vou precisar de um favorzinho seu.
– Se eu puder...
– Falei com sua namorada domingo só que ela não vai poder. Disse pra pedir para você já que está livre esta semana.
– O que?
– Preciso de carona para ir fazer meus exames.
– Que exames?
– De sangue e um outro que eu não lembro qual é, mas tenho lá marcado. Pode me levar amanhã?
– Claro.
– Ótimo, então me acorda cedinho amanhã, tá?
– Acordo sim, daí a gente toma um banho juntinhos e se não estiver grávida eu tiro essa dúvida pra você. – e conseguiu rir apesar da dor de cabeça.
– Vai, bobo, vai brincando. Depois você deixa escapar uma dessas na frente dela, e vai ouvir tanto que vai sentir saudades da dor de cabeça de hoje.
– Ela é desencanada, eu acho.
– Nenhuma mulher é desencanada. – Sorriu e pegou mais um pão.
– Tá bom. – Erick se levantou e arrastou os pés até o quarto.
Deitou na cama e ficou pensando na companhia da noite anterior. “Cara, quanta besteira eu estou pensando”.

[...]

– Erick... – Sentiu uma mão acariciando suas costas. – Almoço. Vem.
– Aham...

[...]

– Quer a massagem agora?
– Ô!
Tiraram a mesinha da frente do sofá, e enquanto ele desenrolava o colchonete de viagem, ela desligava a televisão e colocava um CD para ouvirem. Ele tirou os óculos e a camiseta e deitou. Ouviu uma música conhecida saindo das caixas de som e riu.
– Scorpions?
– E eu ouço outra coisa?
– BeeGees. – e virou a cabeça para sorrir para a amiga que fez uma careta:
– Fica quietinho senão fica sem a massagem.

[...]

Erick acordou com a amiga conversando com outra voz conhecida no sofá a sua direita, virou-se de barriga para cima e pegou os óculos na mesinha. Colocou-os e olhou para a amiga e a prima dela:
– Cinema?
– Claro! 

[...]

Deitados no chão da sala, ele à direita abraçando a prima da amiga pela cintura, com a cabeça apoiada em seu colo, enquanto ela lhe acariciava os cabelos.
Perto de onze e meia, barulho de chaves na porta e G. entrou, cumprimentou os amigos com uma cara cansada e um beijo na namorada, disse que ia tomar um banho, enquanto os outros terminavam com o filme. Pouco depois, ela deu um “boa noite” aos dois que ficavam na sala e foi se encontrar com o namorado que já saía do banho.
Parecia que os dois que ficaram na sala já tinham combinado antes: assim que a porta do quarto se fechou, ele levantou a cabeça do colo dela e começou a beijá-la. Tinham feito isso várias vezes, mas não desde que ela começara a namorar havia alguns meses, depois ele também começara e pouco se viram desde então. Agora ela estava novamente sozinha e não sentia remorso por ele não estar.
Longos minutos se passaram, o filme já havia acabado, ele desligou a TV e continuaram a se beijar. Ela foi quem primeiro falou:
– Soube que você está de cama nova.
Ele já esperava. Ela continuou depois de mais um beijo:
– Vem comigo... – e o puxou.



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